Crescer deveria ser uma opção. Um cartaz, um aviso, até mesmo uma placa de contramão. Pelo menos, deliberadamente, você poderia optar por um outro caminho, o avesso. Ser diferente! Os planos, as contas, os casos. Quem paga por tudo isso? O peso da vida é aquilo que decidimos enfiar na bagagem, engolir a seco, escarrar pela estrada. Uma foto nua, um vil amante, a porta entreaberta, a luz acesa. Quando as cortinas fecham, os olhares desviam, as chamas se apagam, corpos se separam.
Ao menor estalar de dedos, num piscar de olhos, tudo muda: o rumo, os olhares, as raízes. Deixa-se de ser filho, para tonar-se pai; deixa-se de ter apoio, para ser apoio. E todas as escolhas carregam o peso do exemplo. Os apegos, as cobranças e desejos brotam novamente, em outro caule, com outro viés. Ser adulto estava ali, tão perto, depois daquela rua, oculto em um beco, pronto para te assaltar e roubar tudo o que cultivara até aquele momento; quão inocente eu seria, por pensar que jamais precisaria crescer?
(Viviam Baddini)
Um comentário:
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
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