sábado, 25 de janeiro de 2014

Alívio

[…]

Encontrei naquele copo a felicidade. No fundo, escondida, entre gotas de solidão. Uma história que começa do meio, sem prólogo ou agradecimentos, entrecortada de apertos e saudades. Já faz tempo que saiu por aquela porta. Há algumas horas fito o pálido vazio das paredes em branco.

Mas há o copo sobre a mesa. Meio cheio de emoção. Meio vazio de arrependimentos.

Confiança. Palavra avessa ao que cabe no peito. Sombras e desespero. Medo do eterno, do singelo, daquilo que é certo. O cerrar dos olhos, último suspiro dessa mentira doce, suave e complexa. Vida. De onde surgem as vontades, os desejos? Para onde vai toda a voracidade ao partir?

Partir. E o copo continua sobre a mesa.

E se… Não sei. Desviei o olhar, esqueci daquela bebida; o copo. Segui outro rumo, outros desejos, outras pessoas. Não cheguei a tempo de ser. Interrompido, súbito. Óbito. Nas órbitas perdidas de um olhar sem brilho, sem destino.

O copo se rompeu; a bebida derramou; metade vazio de vida. Metade cheio de morte.

(Viviam Baddini)

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