quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Epitáfio de nós dois

Você nunca me reparou mas eu sempre fui a pessoa que te venerou. Em silêncio eu te amei. Cuidadosamente, te protegi. Te beijei, te abracei. Na minha mente eu desenhava seus lábios nos meus e o sabor que eles podiam ter. Era doce como mel. Seu perfume era de aguçar todos os meus sentidos. Era fascinante e intrigante, assim como o cheiro de chuva num fim de tarde ensolarado. Sua risada era como um sinfonia dos mais belos acordes. Mas você nunca me notou. Penso como pode ser possível que você tenha estado no centro de minha vida por tanto tempo e nunca ter sequer notado minha presença ao seu lado. 

Na sua ausência minha vida perdia a cor, o perfume, os sons e todo o sentido de ser. Eu fui sua sombra, te acolhi em silêncio quando todos pareciam lhe virar as costas. Você era como uma droga para mim e eu um viciado que recusava uma reabilitação. Me perdia na beleza de sua silhueta quando os mais finos raios de sol tocavam sua tez. Eu só tive você nos meus mais insensatos sonhos. O silêncio me acompanhou, me cativou e me fez prisioneiro. Procurei mas não encontrei uma palavra sequer que fizesse jus a esse sentimento, a toda essa explosão de sensações que causas em meus pensamentos. 

As palavras não são dignas, então deixei que o silêncio sepultasse esses sentimentos em meu peito. Esperei, em vão, que visse em meu olhar o quanto te quis, o quanto te desejei comigo, o quanto me vi insuficiente para suprir suas vontades, suprir seu anseio de ser amada, de ser feliz. Mas toda essa minha necessidade de você passou despercebida. E cá estou eu, com uma pá em minhas mãos numa tentativa quase que frustada de soterrar essa vontade de você. 

E só vai caber ao tempo selar de uma vez por todas a sepultura que eu enterrei esse sentimento.

(Sérgio Thomaz e Viviam Baddini)

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