A menina estava parada em frente ao espelho, refletindo sobre a vida. Há algum tempo que já não enxergava seu próprio reflexo naquela superfície fria. Viajava. Internamente, em seu âmago sabia que não havia nada a se fazer. O estrago estava ali, estampado naquele mar que percorria em sua face.
Serenidade irrompida de dor, desejo, carne, pele, língua, mãos, cansaço, suor, distância, solidão.
Como poderia estar tão só, com aquele corpo quente, vibrando de paixão, segurando sua mão, roçando a pele nua sobre a dela? De onde saiu aquele abismo em que entrou sem querer, sem saber por onde sair? Como chegou tão rápido ao fundo do poço, sem sequer ver por que caminho entrou?
Ela não saberia dizer.
Estava inundada;
Talvez esse seja o divisor de águas do qual tanto ouvira falar;
Quem sabe sairia dali mais mulher;
Forte.
Ou, talvez, só saísse com sede.
De água
ou
de viver.
(Viviam Baddini)
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