quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Era uma vez uma menina...

Ela vivia naquela casca, aquela proteção que criou para fugir dele. Mas ele a perseguiu, a quis. Quando ela percebeu, já estava entregue em suas mãos, sem aquela proteção rígida e forte que criou. Era apenas uma menina novamente. Indefesa, delicada e frágil. Tão frágil, que parecia capaz de quebrar ao mais leve sussurro.

Não teve piedade. Acalmou seus ânimos, abaixou sua febre, deixou seus nervos tranquilos, mas não pensou duas vezes em acabar com a vida dela. Talvez tivesse sido melhor se tivesse ceifado de vez a sua existência. Mas sua crueldade foi maior. Deixou-a meio viva, para que pudesse sentir o gosto amargo do sofrimento, para que sentisse o vazio e a dor.

O malvado vilão é o amor. O amor do qual ela fugiu profundamente durante anos. Do qual ela não quis saber, conhecer ou viver. Mas ele a encontrou, a amou, a fez amar e a abandonou. Tirou-a da casca, a fez viver e, quando foi embora, deixou para trás outra casca vazia, essa de carne e osso, que sente e é vulnerável.

(Viviam Baddini)

Um comentário:

Diggory disse...

e quando vc percebe que o cansativo presente se torna um sonho distante? percebe que vc nunca teve casca pq se achava forte demais? então fica claro que os melhores tomam atitudes certas no momento exato, e não ficam se lamentando depois. ele nunca esquece, não desiste e tem a paciência de um errado.